quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Abbey Road 50 anos


Abbey Road é o 12º álbum de estúdio do Fab Four, The Beatles. Embora seja o penúltimo disco a ser lançado, é o último registro fonográfico do quarteto. Gravado Entre os meses de fevereiro à agosto de 1969, acabou sendo lançado primeiro do que o álbum Let It Be, cujos registros aconteceram em janeiro do mesmo ano, mas o álbum só seria finalizado em 1970.

Quando iniciaram as gravações, o componentes dos Beatles já haviam rompido em muitas áreas, e já realizavam trabalhos solo ou com outras bandas. O produtor Brian Epstein já havia falecido e os integrantes não entraram em consenso sobre que deveria assumir em seu lugar. Enquanto Paul McCartney queria que seu sogro Lee Eastman assumisse o posto, os demais integrantes queriam o empresário dos Stones, Allen Klein, e acabaram ganhando a disputa. Nesse clima desfavorável, a dupla dinâmica Lennon E McCartney já não se entrosava mais. Algumas músicas como A Day In The Live, Ainda no Sgt Peppers, mostrava duas canções completamente distintas que foram unidas em uma só. Uma trazia uma melodia calma e história trágica, escrita por John, e outra uma canção alegre e despretensiosa, escrita por Paul. Mas os Beatles eram tão geniais que até discordando, tudo que faziam dava certo. E foi assim com Abbey Road.

O mundo mudava em 1969. Kennedy já havia sido assassinado, a guerra do Vietnã estava crítica, o movimento hippie era uma realidade e o maior festival ao ar livre daquela época havia acontecido em Woodstock. John Lennon havia se casado com a artista plástica Yoko Ono e estava cada vez mais imerso no experimentalismo musical e artístico e nas questões políticas. Paul havia se casado com a fotógrafa Linda Eastman e bastante focado em questões contratuais e financeiras. George adotara o hinduísmo suas composições seguiram o modelo dos mantras e do microtonalismo hindu. Já Ringo, tentava assimilar todas as mudanças e ainda colaborar, mesmo que timidamente com a produção do grupo.

Era o "canto do cisne" dos Beatles tomando forma. E que forma. Complexa, dura e profética. Com o fechamento da faixa The End, uma frase sela o destino dos Beatles. "E no final, o amor que que você recebe é igual ao amor que você doa". É quase um consenso que duas das melhores canções são de autoria de George Harrisson. Here Comes The Sun e Something são obras primas. A segunda, regravada por ninguém menos do que Frank Sinatra, foi elogiada pelo próprio Blue Eyes como sendo uma das maiores canções de amor já escritas. E sem precisar dizer "eu te amo" na letra. Algumas canções inacabadas, acabaram "coladas" sendo um dos melhores meddleys da história do Rock, com Golden Slumbers, Carry That Weigh e The End. Vamos a lista de músicas.

1ª- Come Togheter

A música foi na realidade uma ideia aproveitada de um pedido de campanha do candidato ao governo da CaliforniaTimothy Leary, guru do LSD cujo slogan de campanha era "come togheter, join The party". A ideia do "venham" foi proveniente do I Ching e tinha haver com a celebração da vida. Quando Leary foi preso e deixou de concorrer, John pegou os versos e transformou em música, anexando-a ao álbum Abbey Road.

2ª- Something

A canção foi inspirado no estilo de Ray Charles, e foi pensado para que Joe Cocker cantasse, mas acabou sendo gravada pelos Beatles e se tornou o primeiro lado A de George. Se cogita que ele tenha escrito para Pattie, sua esposa na época, fato que ele contestou anos depois. A canção seria regravado por nomes como Frankenstein Sinatra, Elvis Presley e Ray Charles.

3ª- Maxwell's Silver Hammer

Disfarçada em um ritmo alegre, a canção fala de um médico que, com seu martelo de prata, mata sua namorada, uma professora e um juiz. Segundo John Lennon, a música seria uma metáfora sobre o carma. A ideia da música é que "no minuto que você fizer algo de errado, o martelo de prata de Maxwell vai bater na sua cabeça".

4ª- Oh! Darling

Uma canção simples, inspirado nas baladas dos anos 50. Um detalhe curioso é que Paul queria que sua voz estivesse áspera "como se estivesse cantando na palco há uma semana". Então ele cantou repetidas vezes durante uma semana até decidir por gravá-la.

5ª- Octopus's Garden

Canção de Ringo Star, aparentemente despretensiosa, mas recheada de significado. Durante suas férias em Sardenha, em 1968, Ringo foi almoçar e recusou uma oferta de polvo. O capitão da embarcação começou a falar o que sabia sobre polvos, que estes ficam no fundo mar "recolhendo pedras e objetos brilhantes para construir jardins. Ringo achou a história fabulosa e contou que na época, "tudo o que queria era ficar embaixo d'água também. Eu queria sumir por um tempo". 

6ª- I Want You (She's Só Heavy)

Escrita como uma canção de amor de John para Yoko, foi tida como banal por apenas repetir uma frase. Na verdade a inspiração veio de um poema de 1964 de Yoko que só utilizava a palavra Water. O segundo refrão, she's so heavy, é inspiração para o heavy metal que surgiria anos depois.

7ª- Here Comes The Sun

Segunda música de George no álbum, e uma de suas melhores composições. Tem haver com a libertação dos inúmeros compromissos com os Beatles. Uma das proféticas canções sobre o fim da banda. Na época em que os integrantes discutiam sobre quem deveria assumir o posto de empresário, após a morte prematura de Epstein, George se desligou por uns dias e foi para a casa de seu amigo Eric Clapton. Pegou um dos violões do amigo e, caminhando ao sol, sentiu uma súbita onda de otimismo que o inspirou a compor a canção.

8ª- Because

Um dia, Yoko estava tocando a Sonata para Piano nº 14 (Sonata ao Luar) de Beethoven e John pediu que ela tocasse a mesma sequência, invertida. Daí surgiu a inspiração para compor Because, que na verdade é uma cópia direta, e não invertida como John pediu. Uma aproximação do Rock com a música clássica.

9ª- You Never Give Me Your Money

Formada de fragmentos de música, também é parte integrante do medley que se segue em Golden Slumbers. É feita de 3 fragmentos distintos, unidos por Paul. O primeiro fragmento era uma alusão aos problemas financeiros do grupo. O segundo trecho tinha haver com lembranças do tempo da faculdade e o último com sua relação com Linda Eastman, sobre recomeço e deixar as preocupações para trás.

10ª- Sun King

A canção nasceu de um sonho que o John teve. Historicamente, o rei Sol foi Luís XIV da França, mas não se saba ao certo se foi com ele que Lennon sonhou. A música contaria sobre o rei sol entrando em seu palácio e vendo seus súditos rindo felizes. Segundo Harrison, a inspiração musical foi Albatross do Fleetwood Mac. A canção chega a ser engraçada no final, por trazer palavras aleatórias em italiano, espanhol e português. Originalmente, se chamaria Los Paranoias.

11ª- Mean Mr Mustard

Foi composta como parte de Sun King. Algumas pessoas achavam que tinha haver com cheirar cocaina, algo rebatido pelos Beatles. Uma das inspirações parece ter sido uma mulher que carregava seus pertences em sacos plásticos e dormia nos parques do Hyde Park.

12ª- Polythene Pam

A versão oficial de John era de que Polythene Pam era sobre uma Groupie promíscua. Mas na verdade era uma garota real. Pat Dawson conheceu os Beatles Ainda na época do Cavern Club. Ela tinha o hábito de comer polietileno, daí nasceu o apelido de Polythene Pam. 

13ª- She Came In Through The Bathroom Window

Canção de Lennon e McCartney inspirada pelas atividades de uma integrante da Apple Scruff que entrou pela janela do banheiro de Paul quando este não estava em casa.

14ª- Golden Slumbers

A primeira do medley de inacabadas. Paul estava na casa de seu pai e viu uma música ao piano. Era uma canção de ninar chamada Golden Slumbers, de Thomás Dekker, contemporâneo de Shakespeare. Ele não conseguia ler a partitura, portanto, criou sua própria melodia e adicionou novas palavras.

15ª- Carry That Weight

Inicialmente não era para ser parte do medley. Mas acabou se encaixando bem. A canção revelava os medos e angústias de Paul em relação ao futuro financeiro dos Beatles, o fardo de ser um superastro e o medo pelo iminente fim da banda. As discussões sobre as finanças do grupo são, segundo Paul, "o momento mais sombrio de sua vida".

16ª- The End

A profética faixa final do medley chega pondo fim ao FabFour com a frase "o amor que você recebe é igual ao amor que você doa". Termina a histórica banda que Ainda influência gerações inteiras de músicos.

17ª- Her Majesty

Não é uma grande canção e originalmente faria parte do medley. Tem apenas 23 segundos e encerra de forma no mínimo curiosa aquele que seria o último trabalho de estúdio a ser gravado pelos Beatles.

Referências:

TURNER, Steve. The Beatles: A História Por atras das Cancōes. Tradução: Alyne Azuma. São Paulo, Cosac Naify, 2009.

THOMAS, Gareth. Beatles: A História Ilustrada. Tradução: Heitor Pitombo. São Paulo: Ed. Escala, 2010.

DEROGATIS, Jim e KOT, Greg. The Beatles vs. Rolling Stones: a grande rivalidade do Rock n' Roll. Tradução: Cristina Yamagami. São Paulo: Globo, 2011.









quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Woodstock 50 anos: Um hino de paz, amor e música

Woodstock 50 anos: Um Hino de Paz, Amor e Música

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Em um dia 15 de agosto de 1969, a pacata cidade de Bethel amanheceu diferente. Quilômetros de carros enfileirados, uma multidão diferente, colorida, de cabelos longos, óculos redondos e postura mansa invadiram a cidade onde, em uma fazenda próxima, se realizaria um despretensioso festival de música e arte. Muitos moradores locais sequer tinham entrado em contato com um hippie antes. Obviamente, a multidão assustava. Seriam desordeiros? Traficantes? Ladrōes? Estamos seguros desta multidão?


Acontece que estava para se iniciar um marco histórico. Algo que nem mesmo o idealizador mais otimista esperava. A reunião de quase meio milhão de pessoas de todas as idades com o único intuito de celebrar a vida. Mesmo quando as condições do festival, que não fora pensado para tamanha multidão, ficarem insalubres, com falta de água, comida, condições de higiene, policiamento e assistência médica.


A ideia surgiu dos investidores John P. Roberts e Artie Kornfeld que colocaram um anúncio no New York Times e Wall Street Journal que dizia "jovens com capital ilimitado buscam oportunidades de investimento legítimas e interessantes propostas de negócios". Responderam ao anúncio Joel Rosenman e Michael Lang. A primeira ideia era de montar um estúdio de gravação, mas logo evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre.

John Roberts, Joel Rosenman (acima), Artie Kornfeld e Michael Lang (abaixo)

O arriscado investimento previa um retorno financeiro. Ingressos foram colocados à venda em lojas de disco em Nova York e também via correio, e custavam 18 dólares antecipados e 24 dólares no dia do festival. Em média, 186.000 ingressos foram vendidos, e os investidores esperavam um público de no máximo  200.000 pessoas. Este número mais do que dobrou, o público excedente derrubou as cercas e invadiu a propriedade, tornando Woodstock em um evento gratuito. Este primeiro ato de vandalismo foi, no entanto, o único incidente da multidão. Outros casos isolados de overdose de drogas ocorreram, mas os 3 dias de festival foram pacíficos.



Mesmo com o caos gerado pela multidão, os investidores resolveram manter o festival acontecendo. Uma chuva torrencial atrasou muitas das apresentações e tornou o campo em um imenso lamaçal. Não haviam banheiros suficientes e nem locais para comer que suportassem todo o contingente humano que acampou durante os 3 dias ao relento. Ao final, montanhas de lixo foram deixadas, mas nada disso interferiu no sentimento de comunhão que nasceu em Woodstock e nem tampouco nas 32 atrações musicais que seguiram nos 3 dias.



Alguns shows icônicos, como do The Who, Janis Joplin, Joel Cocker e Jimi Hendrix são verdadeiras pérolas da música.

Janis Joplin

Crosby, Stills e Nash

Jimi Hendrix


O festival foi reprisado nos anos de 1979, 1989, 1994, 1999 e 2009. Porém sem o mesmo impacto cultural que o festival de 1969 teve. Woodstock é o retrato da cultura hippie, do movimento de paz e amor. É o registro que nos mostra que, mesmo passando por adversidades, podemos viver em comunidade.

Referências:

terça-feira, 2 de julho de 2019

Cinebiografias da Música (Histórias Trágicas)

Sabemos que em sua maioria as histórias de quem venceu no mundo da música são recheadas de conflitos, dramas e muitas vezes finais tristes. Hoje estamos listando algumas das histórias mais trágicas que abalaram o mundo da música. Preparem seus corações, pois as emoções são fortes.

1) Selena (Selena - 1997)


O Filme Selena conta a história da cantora mexicana Selena Quintanilla-Pérez, e tem em seu elenco a cantora e atriz Jennifer Lopez no papel principal. Selena já era uma cantora de fama no Texas e no México. Porém ganhou fama mundial após seu assassinato. Yolanda Saldivar era a presidente do seu fã clube, possuia uma relação forte e quase obsessiva por Selena. Porém, ao mesmo tempo que comandava o fã clube, desviava dinheiro do mesmo, ação descoberta por Selena que, ao confrontar Yolanda, leva um tiro nas costas e morre. O filme obteve grande sucesso, tendo em sua premier a presença de artistas como Madonna e Michael Jackson, e ajudou a alavancar a carreira da então desconhecida Jennifer Lopez.

2) La Bamba (La Bamba - 1987)


Ritchie Valens era um jovem cantor mexicano que começava a fazer sucesso no mundo da música. Sua carreira foi curta, teve 3 grandes sucessos com La Bamba, Donna e Come On, Let's Go. Da infância e juventude humilde para o sucesso, Valens viu sua carreira e vida acabarem ao lançar a sorte em um jogo de cara ou coroa para decidir quem ocuparia a última vaga no avião do famoso cantor Buddy Holly. Durante uma tempestade de neve, o avião cai, matando Vallens, Holly e The Big Bopper. O acidente ficou conhecido como "o dia em que a música morreu", e foi eternizado na canção American Pie, de Don McLean. Ritchie Vallens é interpretado por Lou Diamond Phillips.

3) Sid And Nancy - O Amor Mata (Sid And Nancy - 1986)


Sid Vicius foi o baixista da banda de punk rock Sex Pistols. Rebelde, polêmico e problemático, Sid se envolve romanticamente com Nancy Spungen e ambos entram numa perigosa relação de drogas, violência e escândalos. Nancy foi assassinada com uma facada no abdômen e Sid é acusado de seu assassinato. Até hoje as circunstâncias da morte de Nancy não foram esclarecidas, assim como o papel de Sid, uma vez que ele veio a falecer 4 meses após Nancy, vítima de overdose. Sid Vicius é interpretado pelo fabuloso ator Gary Oldman, enquanto o papel de Nancy Spungen ficou à cargo de Chloe Webb.

4) Capítulo 27 - O Assassinato de John Lennon (Chapter 27 - 2007)


Diferentemente das demais biografias que listamos, Capítulo 27 se baseia não na biografia do músico, mas de seu assassino. Mark David Chapman é um homem aparentemente simples e sem histórico de violência. Após ler o livro O Apanhador Nos Campos de Centeio, e tendo a ideia de que John Lennon traiu seus fãs e se tornou um herege, Chapman decide matá-lo. O filme conta os 3 dias em que Chapman esteve em frente ao edifício Dakota em Nova York até finalmente atingir seu objetivo e assassinar John Lennon. Chapman é interpretado por Jared Leto, que engordou bastante para o papel. A atriz Lindsey Lohan também integra o elenco.

5) The Doors (The Doors -1991)


O aclamado diretor hollywoodiano Oliver Stone narra fatos da vida do cantor Jim Morrisson, interpretado por Val Kilmer. O "Rei Lagarto" era cantor, poeta e líder da banda de rock The Doors. Complicado e muitas vezes depressivo, Jim Morrisson recorre à heroína para fugir das pressões da fama. Morre aos 27 anos de overdose, em circunstâncias misteriosas, sendo um dos artistas que dá origem ao mito da "Maldição dos 27". Na mesma época, morrem, Janis Joplin e Jimmy Hendrix, ambos de overdose e ambos aos 27, que juntamente com o fato de todos os nomes começarem com a letra "J", dão início à uma teoria da conspiração envolvendo as 3 mortes.

6) Cazuza - O Tempo Não Para (2004)


Agenor de Miranda Araújo Neto foi um cantor e compositor brasileiro, mais conhecido pelo nome de Cazuza. Filho de pais privilegiados, Cazuza não teve dificuldades em entrar no mercado fonográfico como muitos outros artistas. Porém, sua personalidade explosiva, seu ego inflado e sua vida promíscua o levaram não apenas a romper com sua banda de origem, o Barão Vermelho, como também teve problemas com sua família. Sua vida de excessos culminou com Cazuza contraindo AIDS, na época uma doença que veio de forma epidêmica e mortal. Cazuza foi uma das primeiras personalidades brasileiras a admitirem publicamente terem o vírus da AIDS. Faleceu em 1990 aos 32 anos, vítima da doença.


Acompanhem as 3 postagens anteriores sobre cinebiografias da música, coloquem a pipoca no microondas, o lenço de papel do lado do sofá e se emocionem.




Referências:






segunda-feira, 1 de julho de 2019

Is This Love? (Dia Internacional do Reggae)


No dia 1º de Julho é comemorado o Dia Internacional do Reggae, ou Internacional Reggae Day (IRD). A data foi sugerida por Winnie Mandela, esposa de Nelson Mandela, na ocasião de sua visita ao país em 1991.
O Reggae

O ritmo Reggae nasceu na década de 60 de uma derivação do Ska e do Rocksteady. Sua característica principal é a acentuação do tempo fraco, conhecido como Skank. É um ritmo mais lento do que o Ska e o Rocksteady e possui acentuação no 2º e 4º tempos. A guitarra base também enfatiza o 3º tempo e as linhas de baixo são mais complexas do que no rocksteady.



O nome reggae vem provavelmente de rege ou rege-rege, que significaria "farrapo" ou "roupa rasgada" ou mesmo "confusão", segundo a edição de 1967 do Dictionary of Jamaican English (dicionário de inglês jamaicano).

Ao que parece, não há um criador oficial do Reggae, nem tampouco que o nomeou. Existem várias teorias para o nome empregado na música. Uma delas data de 1968 com o single "DO The Reggay" do grupo The Maytals. Mas, segundo Derrick Morgan, o termo já era utilizado na capital da Jamaica, Kingston


"Não gostávamos do nome 'rock steady' ("rock constante"), então tentei algo diferente numa versão de "Fat Man". A batida foi mudada novamente, e o órgão usado para assustar. Bunny Lee, o produtor, gostou daquilo. Ele criou o som com o órgão e a guitarra base. Soava como 'reggae, reggae', e aquele nome pegou. Bunny Lee começou a usar a palavra e logo todos os músicos estavam dizendo 'reggae, reggae, reggae'."

Bob Marley, no entanto, afirmava que a palavra vinha do espanhol e que significaria "música de rei".

Aliás, Bob Marley se tornou o maior ícone deste estilo, levando-o para o mundo, juntamente com os fundamentos da religião Rastafari, o uso do dreadloks (penteados de emaranhados de cachos) e chamando a atenção para as comunidades negras e pobres da periferia jamaicana, tornando-se um símbolo contra a segregação racial ao redor do mundo.



Cores do Reggae

As cores do Reggae se baseiam na bandeira da Etiópia, durante o reinado de Hailé Selassié, posteriomente conhecido como Ras Tafari. Cada cor possui um significado material e outro espiritual.

CorValor físico/material Valor metafísico/espiritual
VermelhaO sangue que os mártires deram pelo próximo.Fé, no sentido de persistência rumo a um objetivo. Poder, no sentido de capacidade de realização de metas, de transformar sonhos em realidades.
VerdeOs campos férteis, fonte de prosperidade, e a natureza em geral da ÁfricaEsperança, pois esta cor está ligada, nas tradições esotéricas mais antigas, aos fenômenos de renovação.
AmarelaRiqueza natural (ouro e minerais), como fonte de prosperidade.Espiritualidade e amor, como elementos sociais de união entre os povos.
Dia Internacional do Reggae

O Dia Internacional do Reggae foi instituído em 1994 após sugestão de Winnie Mandela, que em sua visita à Jamaica em 1991 falou da importância do gênero na África do Sul na época do apartheid e de como ele influenciou positivamente a cultura afro ao redor do Mundo.

Andrea Davis organizou o primeiro festival do IRD (Internacional Reggae Day) em 1º de Julho de 1994. 

Desde o ano 200 o festival tem acontecido anualmente.

No Brasil, o dia 11 de maio é conhecido como o Dia Nacional do Reggae, e foi sancionado pela então presidente Dilma Roussef em 2012, em homenagem à Bob Marley em sua data de falecimento.

Referências:



quarta-feira, 12 de junho de 2019

Cinebiografias da Música (Compositores)

Entramos na terceira parte das cinebiografias do mundo da música, mostrando alguns dos melhores filmes sobre compositores da música erudita.

1) Sonata de Amor (Song Of Love - 1947)


Contando em seu elenco a maravilhosa atriz Katharine Hepburn (recordista em Oscares, com 4 estatuetas vencidas), Sonata de Amor fala sobre o casal Clara Schumann, Robert Schumann e o pupilo Johannes Brahms. O filme já se inicia em um período em que a exímia pianista Clara havia se afastado dos palcos para se dedicar ao famoso marido e seus 7 filhos. Acometido pela sífilis, Schumann (Paul Henreid) também se distancia dos palcos e passa a lecionar, recebendo em sua casa o jovem compositor Brahms (Robert Walker). Brahms passa a nutrir um amor platônico por Clara. O desenrolar da trama segue com Clara voltando aos palcos para pagar as contas, enquanto seu marido começa a lidar com a doença.

2) Sonho de Amor (Song Without End - 1960)


Sonho de Amor conta a história do famoso pianista e compositor húngaro Franz Liszt, aqui interpretado por Dirk Bogarde. O filme fala de sua carreira como famoso pianista, enquanto tenta se afirmar também como compositor. Durante a trama, Liszt se vê envolto em escândalos pessoais, envolvendo-se com uma condessa francesa e se apaixona por uma princesa russa. A veracidade dos fatos do filme podem ser questionadas. Liszt abraçou a vida religiosa, morrendo pobre e solitário.

3) À Noite Sonhamos (A Song To Remember - 1945)


Chopin, assim como Liszt, era um famoso pianista e também compositor. Interpretado por Cornel Wilde, Chopin é expulso da Polônia por se recusar a tocar para o governador Czarista. Refugiado na França, conhece a escritora Aurore Dupin (Merle Oberon), conhecida pelo psudônimo de George Sand. Os dois se apaixonam e se refugiam em Majorca, onde a tuberculose passa a atacar o compositor. O filme ganhou 6 indicações ao Oscar, incluíndo melhor ator para Wilde, e Roteiro Adaptado.

4) Minha Amada Imortal (Immortal Beloved - 1994)


Após a morte de Ludwig Van Beethoven (Gary Oldman), seu amigo de longa data, Anton Felix Schindler (Jeroen Krabbé) inicia uma luta para cumprir o testamento do mestre, que deixou tudo para sua "Amada Imortal". Sem revelar o nome desta, Schindler deve investigar o passado de seu amigo, seus inúmeros romances, e desvendar a identidade sa misteriosa mulher. Mais uma vez a necessidade hollywoodiana de surpreender o público se faz presente, em detrimento dos fato. Embora com floreios, boa parte da narrativa é real, incluindo os problemas com o pai, sua surdez e seu conturbado relacionamento com o irmão, sua cunhada e seu sobrinho, de quem foi tutor após a morte do irmão. 

5) Amadeus (Amadeus - 1984)


Um dos mais aclamados filmes de todos os tempos é a cinebiografia de Wolfgang Amadeus Mozart. Porém, é uma obra mais fictícia do que verdadeira. Hollywood é obcecada pela relação mocinho/bandido, e neste filme não é diferente. O escalado para ser o "bandido" é o compositor italiano Antonio Salieri (F. Murray Abraham, em papel que lhe rendeu um Oscar). Salieri era o compositor da corte austríaca e fã da obra de Mozart (Tom Hulce). O filme se inicia com o já idoso Salieri tentando suicídio e alegando ter matado Mozart. Passado em flashbacks, sob a narração de Salieri, o filme conta como Mozart chegou à Viena como uma grande promessa e foi aos poucos descartado pelos nobres, passando por problemas financeiros e de saúde que culminaram com sua precoce morte aos 35 anos. Apesar da história não ser 100% verídica, o filme do diretor Milos Forman é uma preciosidade, com excelentes atuações, um roteiro muito bem escrito e uma produção fantástica, sendo indicado a 11 Oscar e recebido 8, incluindo Melhor Filme.

6) Villa-Lobos - Uma Vida de Paixão (2000)


Não poderíamos deixar de fora o maior compositor brasileiro. Heitor Villa-Lobos também foi homenageado nas telonas. Destaque para o filme de Zelito Viana, Villa-Lobos: Uma Vida de Paixão, que narra a história do pequeno Villa, sua relação com a tia Fifina (Lucinha Lins) seus dois casamentos com a pianista Lucília (Ana Beatriz Nogueira) e Mindinha (Letícia Spiller), suas obras e sua atuação como educador. Villa-Lobos é interpretado por Marcus Palmeira (fase jovem) e Antônio Fagundes (fase mais velha).

Acompanhem também as duas primeiras postagens sobre cinebiografias do mundo da música.



Referências:







segunda-feira, 3 de junho de 2019

Cinebiografias da Música (cont.)

Continuando com a nossa séria de postagens sobre cinebiografias do mundo da Música. Iniciaremos com filmes que, além de contarem a história de personalidades da música, são também filmes musicais, ou seja, cuja história é contada através da música, substituindo diálogos pelo canto.

1 - Rocketman (Rocketman - 2019)



O filme lançado na última semana de maio conta a história do cantor Elton John, seus traumas familiares, envolvimento com drogas, casos homossexuais e sua amizade com o parceiro de composição Bernie Taupin. Um belíssimo filme musical, que aproveita as letras de Bernie de forma magnífica, fazendo paralelo com os acontecimentos do filme. Além de trazer um belo visual, números musicais bem coreografados e uma história profunda e bem contada, o filme se destaca por não ser uma biografia convencional (Elton John não é um artista convencional), optando mais pelo gênero Musical, porém sem abandonar o gênero Drama.

2 - De-Lovely - Vida e Amores de Cole Porter (De-Lovely - 2004)


O filme de 2004 conta a história do compositor Cole Porter, sua relação com a esposa linda, seus casos homossexuais e tragédias pessoais. Repleto de participações especiais, contando com artistas como Alanis Morissette, Robbie Williams, Elvis Costelo, Sheryl Crow, entre outros, além da performance incrível de Kevin Kline, o filme percorre o caminho do já compositor Porter, do quase anonimato até a fama com os musicais e filmes de Hollywood. É contado como um flashback, do Cole Porter em seu delírio de morte à uma espécie de anjo ou ceifeiro, interpretado pelo excelente Jonathan Pryce.

3 - O Show Deve Continuar (All That Jazz - 1979)


Mais um filme do gênero Musical, O Show Deve Continuar é o único da lista que não representa uma biografia comum. Na verdade é um relato semi autobiográfico da vida e carreira do diretor Bob Fosse, e sua relação com a morte. Dirigido pelo próprio Fosse, ele profetiza acerca de sua morte devido aos excessos promovidos pelo showbusiness, alcóol, drogas lícitas e ilícitas, problemas com mulheres e rotina desgastante de ensaios, que o levam ao colapso cardíaco. O filme tem como principal fio os 5 estágios do luto (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação). O personagem central passa pelos estágios até a conclusão com sua morte. Embora o filme tenha estreado em 1979, Bob Fosse só viria a falecer em 1987, curiosamente de infarto, pouco antes de estrear uma produção de Sweet Charity em Washington.

Seguiremos com nossa série de postagens sobre cinebiografias do mundo da música. Leiam a primeira parte em: Cinebiografias da Música: parte 1

Referências:




sexta-feira, 31 de maio de 2019

Cinebiografias Da Música

Texto de Amanda Pontual
Publicada Originalmente no Blog acorderecife.blogspot.com
Abril, 2015

Estreou nesta semana o filme Rocketman, que conta a história do cantor Elton John. No embalo deste lançamento, e pegando carona no recente sucesso do filme Bohemian Rhapsody, iniciamos uma série de postagens sobre cinebiografias do mundo da música que deram o que falar. Sigam nossa série de posts, preparem a pipoca e escolham os seus filmes preferidos.

1) Elvis - O Início de uma Lenda (Elvis - 2005)


Filmado em formato de minissérie, o longa conta a história do Rei do Rock, Elvis Presley, no período de 1954 à 1968, quando ocorre o famoso concerto The Comeback Especial. Lançado em 2005 pela rede televisiva CBS, o filme é dirigido por James Steven Sadwith e traz em seu elenco Jonathan Rhys Meyers, Randy Quaid, Robert Patrick e Rose McGowan.

A obra concorreu a diversos prêmio, entre eles o Globo de Ouro e Emmy (Oscar da TV americana) nas categorias de melhor minissérie, melhor ator de minissérie (Jonathan Rhys Meyers) e ator e atriz coadjuvantes (Randy Quaid e Rose McGowan, respectivamente).


2) A Fera do Rock (Great Balls Of Fire! - 1989)

O filme dirigido por Jim McBride e estrelado por Dennis Quaid traz a conturbada história de Jerry Lee Lewis, famoso cantor de rock dos anos 50, conhecido por sua agressividade ao piano, seu temperamento explosivo e seus inúmeros casos amorosos.

O filme aborda principalmente o seu casamento com uma prima de 13 anos, um grande escândalo no meio musical da época. Sua ascensão, queda e rivalidade com Elvis Presley. No elenco ainda se encontram Winona Ryder e Alec Baldwin.


3) Ray (Ray - 2004)

Ray é um filme americano que conta a história do cantor Ray Charles. Lançado no ano de 2004, o filme começou a ser produzido com o artista ainda vivo. Porém, ao ano de seu lançamento o cantor já havia falecido. O filme conta desde a infância do cantor, dramas familiares como a cegueira que o acometeu, e seu histórico com drogas.

A direção ficou à cargo de Taylor Hackford, estrelando Jamie Foxx (vencedor do Oscar de Melhor ator pelo papel), Sharon Warner e Regina King. O filme ainda foi premiado com o Oscar de Melhor Mixagem de Som.

4) O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy - 2009)


A conturbada adolescência do fundador dos Beatles é retratada nesta cinebiografia de 2009. O filme britânico dirigido por Sam Taylor Wood e estrelado por Aaron Johnson e Kristin Scott Thomas relata a vida do jovem John e sua relação com a sua tutora, Tia Mimi e sua mãe Julia.


5) O Ocaso de uma Estrela (Lady Sings The Blues -1972)


A diva Pop Diana Ross estrela esta produção sobre a vida da cantora de blues Billie Holliday. Com uma interpretação que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, Diana está brilhante no papel da cantora envolvida em drogas e problemas judiciais.

Dirigido por Sidney J. Furie e produzido pela Motown, este longa foi baseado na autobiografia da cantora, lançada no ano de 1956. Traz ainda no elenco Billy Dee Williams e Richard Pryor.

Continua...


Referências

http://www.imdb.com/title/tt0437714/

http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Elvis_(miniss%C3%A9rie)

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRW9zg0eVScIwjWnaxAPeSjogmAA9r9K7GGbD8sCTCT1OmK3ZixhPVCDGUnED_OFsoB0_QXMbEzfWP2AUHuAGAjbYyOGW0dvPVgBTNIGPgJR2Us1W-1-AI5ep9iLIK-ysusDlxTJV85M0/s1600/Elvis+-+O+In%25C3%25ADcio+de+uma+Lenda+1.jpg

http://losolvidados.com.br/wp-content/uploads/2011/08/greatballsoffire.jpg

http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Great_Balls_of_Fire!

http://images.fanpop.com/images/image_uploads/Jamie-Foxx--Ray--jamie-foxx-490940_1400_919.jpg

http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ray_(filme)

http://i1.r7.com/data/files/2C92/94A3/2CA3/65D0/012C/A7CE/9B62/5CBA/garoto-de-liverpool.jpg

http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Nowhere_Boy

http://www.bam.org/media/1400443/2013_Ctek_FebMar_LadySingsTheBlues_613x463.jpg

http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Lady_Sings_the_Blues