quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Família dos Instrumentos: Madeiras

As madeiras.



Inicialmente, as madeiras não eram muito importantes para o conjunto. Porém, ainda que timidamente, elas passaram a fazer parte importante da orquestra. O fagote e o oboé foram os primeiros a serem incorporados, seguidos do traversso (antiga flauta transversa). O clarinete e os auxiliares só apareceram mais tarde. Embora hoje estes instrumentos sejam fabricados de metal, tiveram suas origens como sendo feitos de madeira, portanto prevaleceu a origem nesta classificação.


Oboé: Instrumento antiquíssimo, o tipo utilizado hoje nas orquestras sinfônicas surgiu na França, na segunda metade do século XVII, a partir do desenvolvimento das charamelas medievais e renascentistas. Os primeiros modelos foram fabricados pelos franceses Jean Hotteterre e Michel Philidor, e eram usados pelos músicos da corte de Luís XIV.

Chamarela Medieval
Oboé D'Amore


A forma do moderno oboé, data do período de Haydn e Mozart, embora tenha sofrido algumas importantes modificações no decorrer dos séculos XVIII e XIX, como, por exemplo, o aumento de sua extensão.
Constitui-se de um tubo cônico e palheta dupla, sendo o som controlado por orifícios e chaves. De timbre anasalado, distingue-se perfeitamente dentro da massa orquestral. Seu alcance é de 2 oitavas e meia, começando no si, uma oitava abaixo do dó médio.Utilizado, sobretudo como integrante da orquestra sinfônica, onde é indispensável. Há também considerável literatura para solo do instrumento.
Oboé Moderno

Palheta do Oboé


Corne inglês: De estrutura semelhante à do oboé, distingue-se deste pelo tubo mais longo e por um esférico pavilhão em forma de pêra. Desenvolveu-se a partir do oboé da Caccia (de caça), no século XVII. A origem do nome é desconhecida.
Oboé da Caccia

De timbre suave, soa uma quinta abaixo do oboé e é próprio para melodias tristes e melancólicas. Embora Haydn e Beethoven tenham escrito obras para este instrumento, suas potencialidades só foram amplamente desenvolvidas por Berlioz, Wagner e Dvorák.O corne-inglês não é utilizado com muita freqüência na orquestra sinfônica.
Corne Inglês
Corne Inglês em comparação ao Oboé


Fagote: O fagote é o baixo do grupo das madeiras (flauta, oboé, clarineta, fagote) e, dentre esses instrumentos, é aquele que tem a mais ampla tessitura. São três oitavas e meia, abrangendo do sib –1 até o mi 4 (tomando-se como base o dó central = dó 3). O som do fagote é produzido, tal como na bombarda renascentista, por uma palheta dupla aplicada a um bocal em forma de “S” e feita vibrar pela boca do instrumentista através do sopro.
Fagote antigo

Ele se compõe de uma parte construída de metal (bocal) e de quatro partes construídas de madeira (asa, culatra, baixo e campana), que se encaixam uma na outra e que, quando montadas, perfazem um tubo cônico de 235 cm, tendo um diâmetro inicial de 4 mm. e finalizando em 4 cm.
No tocante às partes de madeira, quando o sistema é alemão, o fagote é quase sempre construído em ácer (em alemão: Ahorn; em inglês: maple wood); quando seu sistema é francês, a madeira usada é tradicionalmente o jacarandá.  Como o ácer é uma madeira muito clara, quase branca, o fagote é normalmente tingido com alguma coloração que lembre a nobreza da cor do mogno. O jacarandá, por ser já de natureza mais escuro, não recebe corante e tende automaticamente ao marrom.

Fagote Moderno

Contrafagote: Este instrumento soa uma oitava abaixo do fagote. Surgiu em 1714, criado por Andreas Eichentopf, em Leipzig, sendo ocasionalmente utilizado pelos compositores clássicos.
O moderno contrafagote segue o desenho idealizado, em 1870, pelo alemão Johann Heckel. De estrutura semelhante ao fagote, seu tubo, no entanto, se curva 4 vezes sobre si mesmo. Distingue-se também por um pavilhão de metal voltado para baixo.
O instrumento alcança 3 oitavas, sendo o si bemol a sua nota mais grave. Nas raras vezes em que aparece como solo dentro da massa orquestral, tem por função criar atmosferas lúgubres ou grotescas.



Flauta transversa: Um dos instrumentos mais antigos, a flauta transversal, utilizada regularmente na moderna orquestra sinfônica, surgiu no século IX, antes de Cristo, provavelmente na Ásia. Introduzida na Europa ocidental através da cultura bizantina, no século XII depois de Cristo, era geralmente associada à música militar. Somente na segunda metade do século XVII é que passou a integrar a orquestra.
A moderna flauta transversal nasceu das transformações operadas no antigo instrumento pelo alemão Theobald Boehm, por volta de 1840. Feita em metal, geralmente prata, constitui-se de um tubo cilíndrico de 67 cm. de comprimento por 19 mm. de diâmetro. Divide-se em 3 partes: cabeça ou bocal, corpo e pé.

O bocal tem por função manter rigorosamente o equilíbrio da afinação; o corpo e o pé contêm orifícios e chaves, cuja finalidade é diminuir ou aumentar o comprimento da coluna de ar no interior do tubo. Soprada lateralmente, seu alcance é de 3 oitavas (dó3 a dó6). Tem sido tratada como instrumento solista e como instrumento da orquestra, sendo o mais agudo entre os membros regulares do grupo das madeiras.
Existiram na Antigüidade diversos outros tipos de flauta. No entanto, a única que coexistiu com a flauta transversal foi a flauta doce, soprada pela ponta, muito usada pelos músicos renascentistas e barrocos.
Família de Flautas Doce

O flautim ou piccolo, versão menor da flauta transversal, cujo tubo tem aproximadamente metade do comprimento da flauta. É o instrumento mais agudo da orquestra, da qual não é, entretanto, um elemento essencial. Alcança quase 3 oitavas (ré4 a dó7).

Há ainda a flauta baixa, que se usa para sons mais graves. Prolonga-se o comprimento do tubo ou em alguns casos, constrói-se com um cotovelo pelo qual o tubo se aproxima, no outro extremo, à posição da boquilha.


Clarinete: Surgiu no final do século XVII, a partir do aperfeiçoamento da charamela, levado a cabo por Johann Christopher Denner, conhecido fabricante de flautas de Niremberg. No século seguinte, passou a integrar a orquestra sinfônica. Por volta de 1840, atingiu sua estrutura definitiva, com a introdução do sistema de chaves de Theobald Boehm, que já havia sido aplicado com sucesso na flauta.
Ao logo dos tempos, foram criados clarinetes de dimensões e timbres variados. Há cinco modelos ainda em uso:
-   Em mi bemol - o soprano da família, também denominado “requinta”;
-   Em dó – de timbre brilhante;
-   Em si bemol – o mais usado na atualidade;
-   Em lá – de pouco uso;
-   Clarinete-baixo em si bemol – uma oitava abaixo do outro de mesma tonalidade.

Constitui-se de um tubo cilíndrico dividido em 4 partes: pavilhão, corpo inferior, corpo superior e barrilete. Neste está embutida a boquilha, na qual se adapta uma palheta simples.
Mozart foi um dos primeiros compositores a explorar o clarinete como instrumento solista, compondo um concerto e várias peças de câmara. A sua escrita para o clarinete, favorecendo a beleza do registro grave do instrumento e um equilíbrio e fluência em toda a sua ampla tessitura, faz-nos pensar na escrita vocal e não é difícil imaginar tratar-se por vezes de uma voz de soprano. O uso do clarinete obbligato como dramatis persona em La Clemenza di Tito encontra-se na linha de uma tradição vienense do início do séc. XVIII, na qual se inscrevem múltiplas óperas, evidenciando uma relação estreita entre a voz e o chalumeau que, tomado como objeto significante, é associado a sentimentos específicos de caráter amoroso ou pastoral.


Criado em 1810, o clarinete-baixo ou clarone também é utilizado na orquestra sinfônica, embora com menor freqüência. Distingue-se do clarinete propriamente dito, pelo pavilhão recurvado e pelo diapasão mais grave.


Leiam também as 2 primeiras matérias sobre a família dos instrumentos.
Família das Violas
Família dos Violinos

Parceiro: Casa da Musika


Nenhum comentário:

Postar um comentário