"Quem é uma rosa da beleza americana? Com o nariz da beleza americana!" Estes são os versos de I'm The Greatest Star", canção do musical da Broadway Funny Girl. A peça que virou filme e rendeu um Oscar de Melhor atriz para Barbra Streisand. O que pouca gente sabia na época é que Mrs Streisand iria se tornar uma das maiores aristas de todos os tempos, o que dá à canção um tom quase profético.
Primeiros Anos
Barbara Joan Streisand nasceu no Brooklin em 24 de abril de 1942, filha de Diana e Emanuel Streisand. Vinda de uma família judáica oriunda da Galícia e Rússia. Com apenas 1 ano de idade, seu pai viria a falecer de uma crise epilética. Sua mãe se desdobraria para manter a família, não dando tanta atenção para a jovem Barbra. Ela costuma dizer: "Quando eu queria o amor da minha mãe, ela me dava comida". A falta do pai foi sempre sentida por Barbra e relatada nos seus concertos. A mãe, por sua vez, com baixo salário lutava para manter a família. Ela e sua mãe realizaram gravações juntas quando ela tinha 13 anos.
De temperamento difícil, a jovem Barbra estudou em uma escola judaica ortodoxa e sempre era vista gritando com as pessoas. Inteligente e temperamental, foi logo reconhecida pela bela voz que ecoava nos corredores. Seu desejo era se tornar atriz, mas o caminho se tornava mais difícil por não ter o padrão de beleza do cinema da época. As características étnicas do povo judeu, especialmente o nariz, eram vistos como empecilho para produtores. Um deles teria dito: "É supertalentosa, mas, meu Deus, tão feia. O que vamos fazer com ela?". As críticas em torno de suas feições não abalaram a obstinada Barbra, que disse certa vez em uma entrevista: "Sempre soube que tinha de ser famosa e rica. Bonita, nunca fui e nunca vou ser". Discordamos desta parte Mrs Streisand. Sua beleza icônica não era valorizada na época. Mas seu rosto se tornou um dos mais reconhecidamente belos do meio artístico.
Aos 16 anos formou-se no ensino médio e foi morar só, em busca de oportunidades no meio artístico, mesmo com ressalvas da mãe. Trabalhou como recepcionista no Teatro Lunt-Fontanne. A peça em cartaz era The Sound Of Music. O diretor fez teste para o elenco e ela tentou a sorte. Não conseguiu um papel, mas foi convencida de incluir o canto em seu currículo. Ela entrou em um show de talentos em uma boate LGBT no Greenwich Village e sagrou-se campeã com uma performance ovacionada pelo público. Nesta época, mudou seu nome de Barbara para Barbra. Foi-lhe dito que deveria operar seu nariz para fazer sucesso no show bussines. Anos mais tarde, o ator Mickey Rooney revelou que ela estava decidida a fazer a cirurgia, pois todos riam dela e de seu nariz. Ele teria dito que ela e seu nariz eram lindos, e que ela não deveria dar ouvido aos críticos. Ela não realizou a cirurgia e seria sempre grata ao ator.
Entre os anos de 1960-1962 se apresentou em clubes e seu estilo de apresentação, misturando canções e conversas bem humoradas com o público lhe rendeu comparações com Judy Garland e Fanny Brice. Alías, foi interpretando Fanny nas produções de Funny Girl que Mrs Streisand conquistou o público e a crítica, sendo levada da Broadway para Hollywood, passando antes pela televisão.
Fase pré Broadway: Aparições na Tv e Álbuns
Em abril de 1961, aos 19 anos, Barbra se apresentou na televisão pela primeira vez. A oportunidade foi dada pelo apresentador Jack Paar do Tonight Show. Ela cantou Sleeping Bee de Harold Arlen. Durante a apresentação no programa comandado por Orson Bea, substituto de Paar, a convidada Phyllis Diller a chamou de "um dos maiores talentos musicais do mundo".
Mrs Streisand se tornou presença regular um vários programas de TV e acabou sendo chamada pela Columbia Records para gravar algumas faixas. Em maio de 1962 cantou "Happy Days Are Here Again", no programa The Gary Moore Show. A canção tema do Partido Democrata, datada dos anos 30 se tornou marca registrada da cantora na fase inicial da carreira.
Aos 21 anos assinou de vez com a Columbia records, lançando 2 álbuns em 1963. The Barbra Streisand Album e The Second Barbra Streisand Album. Naquele ano tornou-se a artista feminina mais vendida e a personalidade mais empolgante desde Elvis Presley. Bem estabelecida no mercado fonográfico, era hora de vencer como atriz.
Em 1963 fez uma participação especial no programa de Judy Garland. O encontro de duas das maiores cantoras/atrizes de duas gerações diferente rendeu um dos mashups mais relembrados e regravados. As músicas Happy Days Are Here Again e Get Happy foram interpretadas pelas duas divas, num momento histórico na tv.
Funny Girl (Broadway e Cinema) e Especiais Para a TV
Em 26 de Março de 1964 estreou na Broadway, no Teatro Winter Garden a primeira produção de Funny Girl. O musical de Julie Styne com letras de Bob Merril. Baseado na vida da atriz e cantora Fanny Brice, se tornou um dos maiores sucessos da Broadway e teve sua versão para o cinema em 1968, rendendo um Oscar de Melhor Atriz para Barbra Streisand.
Funny Girl - Broadway
Funny Girl - Versão Cinematográfica
Barbra conquista de vez sua fama tanto como atriz como quanto cantora. Nos anos seguintes, viria a participar de grandes produções do cinema, tv e teatro.
Entre 1965 e 1968, Barbra realizou 4 especiais para a tv que se tornaram célebres. O primeiro deles é My Name Is Barbra. O álbum conceitual tem suas 6 primeiras faixas dedicadas à infância e ao crescimento, enquanto as faixas do lado B tem tom mais adulto e dramático.
Em 1966 seu especial colorido Color Me Barbra estreia, junto com o álbum homônimo. Dividido em 3 partes, a primeira gravada em um Museu, a segunda com tema circense e a terceira parte dedicada às músicas inéditas. Em 1967 ela grava The Belle On The 14th Street e no ano seguinte o show ao vivo A Happening In Central Park
Em 1969 sua performance de Fanny Brice no cinema lhe rendeu seu primeiro Oscar, como atriz principal, premio didivido com Katherine Hepburn. Anos mais tarde ela ganharia seu segundo Oscar, mas desta vez de melhor canção por Evergreen de Nasce Uma Estrela.
Cantora, Atriz, Produtora, Compositora, Diretora
Mrs Streisand é uma das poucas artitas a conquistar os premios Emmy, Grammy, Oscar, Tony e Globo de Ouro. Após o sucesso de Funny Girl, Barbra estrelou produções de grande sucesso como Hello, Dolly!, Um Dia Claro de Verão e o maravilhoso Nosso Amor de Ontem, pelo qual foi indicada ao Oscar mais uma vez.
Em 1976 participa da terceira versão de Nasce Uma Estrela e recebe seu segundo Oscar, desta vez como compositora. A canção Evergreen, escrita juntamente com Paul Williams também recebeu o Globo de Ouro.
Em 1983 se lança em um projeto ousado com Yentl. Na época os musicais começavam a perder espaço nas telonas, porém Mrs Streisand resolveu abraçar o projeto, assinando o roteiro, atuando e fazendo sua estréia como diretora. Recebeu os prêmios de Melhor Filme Musical ou Comédia e Melhor Diretora, ambos do Globo de Ouro. No entanto foi ignorada pelo Oscar. Anos depois seria a porta voz das mulheres diretoras por maiores reconhecimentos da Academia, tendo inclusive sido escolhida para entregar o prêmio para Kathryn Bigelow, a primeira diretora a receber a honraria do Oscar pelo filme Guerra Ao Terror de 2008.
Como produtora, diretora, roteirista e atriz, Barbra tem no seu currículo ainda O Príncipe Das Marés (1991) e O Espelho Tem Duas Faces (1996), ambos tendo sido indicados nas principais categorias do Globo de Ouro e Oscar, porém Mrs Streisand foi esnobada nas duas oportunidades para a categoria de Melhor Direção do Oscar.
Com 50 álbuns de estúdio gravados, 20 filmes no currículo e vários especiais para a Tv, Barbra Streisand se firmou como uma das artistas mais longevas e de maior destaque de todos os tempos. Se tornou um símbolo na comunidade judaica, além de um símbolo para todas as mulheres que desejam se firmar no show business. É um símbolo de resistência contra os moldes de beleza ditados pela Hollywood clássica, além de se tornar auto suficiente ao gerir suas produções em todas as suas instâncias. Barbra Streisand é a diva das divas, e seu legado perdurará por milhares de gerações.
Como diria sua personagem Yentl na canção A Piece Of Sky. "com tudo o que existe, por que se conformar com apenas um pedaço do céu?".
É um bairro sujo Onde os urubus têm casas E eu não tenho asas Mas estou aqui em minha casa Onde os urubus têm asas Vou pintando, segurando a parede No mangue do meu quintal Manguetown"
Esses versos da canção Manguetown une duas das maiores características do movimento Manguebeat: a critica social e a referência ao mangue, ecossistema que percorre a maior parte da Região Metropolitana do Recife e que tem sido aterrado e destruído para dar lugar a casas, prédios e outros empreendimentos imobiliários.
Afrociberdelia é um neologismo composto pela aglutinação de Afro com cibernética e psicodelia. Refere-se aos ritmos que compõem a base do disco, desde o afro ao rock psicodélico e música eletrônica. É o segundo álbum da banda Chico Science e Nação Zumbi. O disco sucede ao Da Lama Ao Caos, primogênito da banda oriunda de Olinda.
O compositor e escritor paraibano Bráulio Tavares define o termo Afrociberdelia no encarte do disco: No jargão das gangs e na gíria das ruas, o termo "afrociberdelia" é usado de modo mais informal:
a) Mistura criativa de elementos tribais e high-tech:
"Pode-se dizer que o romance The Embedding, de Ian Watson, é um precursor da ficção-científica afrociberdélica"
b) Zona, bagunça em alto-astral, bundalelê festivo:
"A festa estava marcada pra começar às dez, mas só rolou afrociberdelia lá por volta das duas horas da manhã"
Além de Manguetown, o disco traz hits como Macô e a regravação de Maracatú Atômico de Jorge Mautner e Nelson Jacobina. Produzido por Eduardo Bid, o disco foi lançado após uma turnê da banda pelos Estados Unidos e Europa.
O disco acabou sendo o último de Chico Science, que viria a falecer menos de um ano depois de seu lançamento devido a um acidente de carro.
FAIXAS:
1) Mateus Enter (Chico Science & Nação Zumbi)
2) O Cidadão do Mundo (Chico Science & Nação Zumbi, Eduardo Bidlovsky)
3) Etnia (Chico Science, Lúcio Maia)
4) Quilombo Groove (Chico Science & Nação Zumbi)
5) Macô (Chico Science, Jorge Du Peixe, Eduardo Bidlovsky)
6) Um Passeio no Mundo Livre (Dengue, Pupilo, Gira, Jorge Du Peixe, Lúcio Maia)
7) Samba do Lado (Chico Science & Nação Zumbi)
8) Maracatú Atômico (Jorge Mautner, Nelson Jacobina)
9) O Encontro de Isaac Asimov com Santos Dumont no Céu (H. D. Mabuse, Jorge Du Peixe)
10) Corpo de Lama (Chico Science, Jorge Du Peixe, Gira, Dengue, Lúcio Maia)
11) Sobremesa (Chico Science, Jorge Du Peixe, Renato L.)
12) Manguetown (Dengue, Lúcio Maia)
13) Um Satélite na Cabeça (Bitnik Generation) (Chico Science & Nação Zumbi)
14) Baião Ambiental (Dengue, Lúcio Maia, Gira)
15) Sangue de Bairro (Chico Science & Nação Zumbi, Ortinho)
16) Enquanto o Mundo Explode (Chico Science & Nação Zumbi)
17) Interlude Zumbi (Bola Oito, Gira, Toca Gam)
18) Criança de Domingo (Cadão Volpato, Ricardo Salvagni
Texto de Amanda Pontual originalmente escrito para o blog www.acordesrecife.blogspot.com em maio de 2016
O ano era 1966. O dia, 16 de maio. Esta foi a data de lançamento de um dos álbuns mais icônicos da história do Rock. O gênio de Brian Wilson chegava ao seu ápice, antes que as drogas psicoativas e a iminente doença mental lhe roubassem a juventude e o brilhantismo.
Pet Sounds é mais que um álbum de Rock and Roll. É quase uma odisseia. Separa a história da música moderna em antes e depois. Nem mesmo os geniais Beatles ficaram imunes às inovações apresentadas neste disco. Aliás, Foram os mesmos Beatles a inspiração para a concepção deste trabalho. Ao ouvir "Rubber Soul" do quarteto de Liverpool, Brian Wilson sentiu-se tão inspirado e instigado que prometeu a si mesmo que lançaria o maior álbum da história do Rock.
Decerto, ele conseguiu, pelo menos pelo período de 1 ano, até ser superado pelo Sgt. Pepper's dos Beatles. São estes os álbuns que ocupam a 2ª e 1 posições respectivamente na lista da revista Rolling Stones dos 500 Melhores Álbuns da História.
Os Beach Boys eram, até então, conhecidos como a expressão da vida Californiana. Sempre com a temática do Surf e canções alegres, o grupo ajudou a imortalizar a imagem de praia, belas mulheres e um rock alegre que caracteriza a Califórnia. Já Pet Sounds é bem mais intimista, mais ousado e distante da antiga fórmula de sucesso adotada pelo grupo.
À época da concepção do álbum, Brian Wilson tinha apenas 23 anos. Assim como seus irmão Carl e Dennis Wilson, também membros da banda, era praticamente autodidata, tendo aprendido música com seu violento pai, à quem também se credita uma série de abusos físicos e psicológicos. É dito inclusive que a surdez de 95% a qual Brian é acometido no ouvido direito deve-se a uma surra imposta por Murry Wilson.
Para a concepção das faixas, Wilson abandonou os shows do Beach Boys e pôs-se exclusivamente a trabalhar em estúdio. Dentre as inovações do álbum estão a utilização de arranjos vocais bem elaborados, arranjos orquestrais e a utilização de instrumentos átipicos, como o Theremin. Há ainda a utilização de sons incomuns como latidos de cachorros, latas de Coca-Cola, sinos de bicicleta e som de locomotiva.
O nome do álbum é, na verdade, uma homenagem ao produtor Phil Spector, de quem Brian era adversário e, ao mesmo tempo, fã. Ele se utiliza das iniciais do produtor para nomear o seu "Pet Sounds", que pode ser traduzido aqui como sons de estimação.
O novo som pensado pelo gênio de Brian Wilson gerou uma grande polêmica entre os integrantes do grupo, em especial ao vocalista Mike Love. Os atritos entre os dois músicos foi intenso e provocou mudanças nas letras e atrasos no lançamento do álbum. Averso às inovações promovidas por Brian, Mike Love afirmava que ninguém ouviria aquele disco. A história provou que ele estava errado. Não apenas Pet Sounds foi e é um sucesso como mudou os rumos do Rock. O produtor George Martin, dos Beatles, chegou a afirmar que, sem Pet Sounds, Sgt Pepper's nunca teria existido.
Hoje Brian Wilson é aclamado como um dos grandes gênios da música popular dos últimos anos. Pet Sounds atinge às Bodas de Ouro como a grande obra de arte de um gênio que perdeu-se na loucura antes de se encontrar com o reconhecimento e admiração dos amantes da boa música.
Curiosamente, Pet Sounds foi gravado todo em sistema Mono. Nesta época já era comum que as gravações utilizarem o sistema stereo, porém Brian Wilson decidiu não adotá-lo. Os motivos para tal decisão são muitos. Primeiramente, havia o fato de Phil Spector gravar em mono. Os rádios, programas de tv e os toca-discos também utilizavam o sistema mono. Porém a razão mais aceita é a de que Wilson decidiu usar o sistema Mono devido à sua própria condição de surdez parcial. Como ele só ouvia por um de seus ouvidos, não havia sentido gravar em sistema stereo.
Um dos maiores sucessos do Beach Boys, a canção Good Vibrations, ficou de fora da versão final de Pet Sounds, sendo lançada ainda em 1966 como compacto. O grupo iniciou as gravações do seu álbum Smile, mas a esquizofrenia mal tratada de Brian Wilson, aliada ao seu abuso de LSD impediram que o projeto fosse adiante. A banda entrou em hiato após o lançamento de Smiley Smile em 1967 retornando às paradas na década de 80. Porém sem nunca conseguir um feito histórico como Pet Sounds.
Falar sobre jazz não é falar apenas sobre um estilo musical. O jazz é uma expressão artística e política. É uma manifestação cultural de uma parcela da sociedade oprimida, perseguida e esnobada. Mas que ganhou ares de elitismo devido à influencia branca que retirou o jazz dos guetos e levou às salas de concerto, o que fez com que o jazz virasse consumo de uma parcela da população dita mais culta e esnobe.
O jazz nasceu no sul dos Estados Unidos, mais precisamente em Nova Orleans no estado da Louisiana, terra de grande atividade agrícola no século XVIII e que dependia muito do trabalho escravo. Fundada por colonos franceses em 1718, a cidade é um berço multicultural, com a influencia francesa, espanhola, indígenas e afro-americanas. E foi justamente da atividade agrícola que as bases do jazz e de outro gêneros musicais nasceram.
Os negro spirituals, são canções acompanhadas movimentos rítmicos e corporais cujo texto se baseia nos textos bíblicos. Os escravos americanos já entoavam estes cantos antes da Revolução Americana de 1776, e tinham um tom de lamento e uma ideia política de luta contra a escravidão. Porém, os primeiros spirituals só foram catalogados em meados de 1860. Dos spirituals nasceu o Blues e da mistura do Blues e do Ragtime, nasceu o jazz. Outra forte influência são os cantos de trabalho que utilizam a forma de pergunta e resposta e que também influenciaria o estilo folk americano.
Por volta dos anos de 1900, começam a surgir as primeiras orquestras negras e em 1917 aparecem os primeiros discos de blues, ragtime e outras jass musics, como consta em CANDÉ, (2001, pag. 400). O termo jass apareceu por volta de 1917-1920 de uma gíria dos negros americanos relativa ao sexo. A Europa logo neste início se interessou pelo estilo, com turnês de conjuntos negros, como do clarinetista Sidney Bechet em 1919. Mas logo as orquestras brancas foram surgindo e tomando o lugar das orquestras negras, modificando suas raízes. A primeira gravação de jazz coube ao grupo branco Original Dixieland Jass Band, com a faixa "Livery Stable Blues"
Sidney Bechet
O Jazz se caracteriza pela improvização, polirritimia, pelo uso do blue note, chamadas e respostas e forma sincopada. Os instrumentos mais utilizados são os metais, a bateria e os instrumentos de palheta. Atualmente os baixos e guitarras também tem sido bastante utilizados, além do piano. É comum dentro de uma apresentação de jazz que cada componente da banda realize um solo improvisado dentro da apresentação.
Os Vários Estilos de Jazz.
Dixieland é um dos primeiros estilos de jazz que se tem notícia. É chamado também de Jazz Tradicional. O estilo foi criado em 1910 e foge do refinamento, além de utilizar muita irreverência. Alguns dos principais grupos e autores do gênero são Buddy Bolden, Louis Armstrong, Sidney Bechet e a Original Dixieland Jass Band.
Swing e Big Bands. O Swing surgiu nos anos 1930 e foi responsável pela crescente onda das Big Bands (orquestras que utilizam em sua maioria instrumentos de metais). Um dos primeiros estilos de jazz de grande destaque, foi responsável pela popularização do estilo na sociedade americana e, posteriormente, produto de exportação para o mundo. Destacam-se mais uma vez Louis Armstrong (conhecido como o "Rei do Jazz"), Ella Fitzgerald e Billie Holiday
Bebop e Hard Bop. São estilos mais radicais de jazz, com sonoridade mais rápida e complexa. Estilo mais rebuscado, apareceu nos anos de 1950 e inicia o processo de elitização do jazz. Dentre os destaques do estilo estão Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Bill Evans.
Cool Jazz e Soul Jazz. Este estilo vem como uma oposição aos demais estilos de jazz. De sonoridade calma e grande influência do Blues. Seu grande destaque é Miles Davis.
Free Jazz é mais experimental, livre e descompromissado com a simetria sonora. Surgiu no final dos anos 1950. Destaque para John Coltrane.
Fusion Jazz inicia uma nova etapa em que o jazz passa a fundir-se com outros estilos, em especial com o Rock. Destacam-se Herbie Hancock e Frank Zappa.
Jazz Latino mistura o Jazz americano com estilos como Mambo, Samba, Merengue e Salsa.
Destaco também a Bossa Nova, estilo brasileiro dos anos 1950 que mistura a improvisação do jazz com a cadência do samba.
Dia Internacional do Jazz
Celebrada pela primeira vez em 2012, a data foi anunciada pela UNESCO e pelo embaixador da Boa Vontade Herbie Hancock como forma de celebrar o estilo. A data foi sugerida por Hancock. Ao longo de 10 edições, apresentações musicais promovidas pela UNESCO e por outros grupos são realizados anualmente.
No ano de 2021 terá a participação de Herbie Hancock, Andra Day, Diane Reeves, Joe Lovano, Melissa Aldano e Ivan Lins.
Referências:
CANDÉ, Roland de. História Universal da Música: vol. 2. Tradução: Eduardo Brandão: revisão de tradução Marina Appenzeller. São Paulo: Martins Fontes, 2001
"Eu estava sentado à mesa comendo algo e me senti muito mal. De repente, foi como tudo tivesse pegado outra dimensão. Tudo espalhou0se, tudo. Pensei: 'Diabo! Estou ficando louco. Deve ser assim.". De repente a realidade mudou completamente".
Um colapso nervoso de um homem que estava recentemente separado de sua esposa. Uma crise de pânico social invadiu Roger Waters que chegou a cuspir em um fã durante uma apresentação. Então a ideia de criar um muro entre ele e o público surgiu em sua caminhada ao hospital, após machucar o pé em um golpe de caratê errado, desferido contra um empresário. Faltava apenas o tema, o script de um concerto espetáculo com toques de tragédia grega e reviravoltas de um drama de ficção.
Waters veio ao estúdio com a demo de Bricks in the Wall. Sacramentou que este só funcionaria como álbum duplo. As opiniões foram divididas. Nick Mason disse que "era como um esqueleto com vários ossos faltando", mas no geral, gostou da ideia. David Gilmour achou "depressivo e chato", mas aprovou o conceito básico.
Bob Ezrin ficou com a incumbência de arrumar o roteiro que acreditava ser de um filme imaginário. Escreveu um livro de 40 páginas em uma noite, montando uma trama com a história pessoal de Waters e tentando enquadrar com as músicas já produzidas. "No dia seguinte, no estúdio, fizemos uma leitura de mesa, como seria feito com uma peça, mas com a banda inteira, e seus olhos brilhavam, porque conseguiram enxergar o álbum pronto" (BLAKE, pág. 292).
Uma vez aprovado, era hora de produzir história.
Uma Epopeia em Três Atos. Ato 1: Infância, Juventude e Vida Pessoal.
A primeira parte da história é baseada na vida pessoal de Waters. O personagem principal, nomeado de Pink, está rememorando sua vida. A primeira parte começa com a morte de seu pai na Segunda Guerra Mundial (o primeiro "tijolo no muro").
Faixa 1: In The Flesh? Uma apresentação ao público de que esta é uma obra tensa. Após algumas notas de um toque militar fúnebre, a banda entra com um som mais pesado. "Então você pensou que iria gostar de ir ao show. Para sentir aquele calafrio quente da confusão. Aquele ardor de um astronauta". Pink não está bem, nas palavras do locutor, que diz ser a banda substituta da noite. A música termina com o choro de um bebê.
Faixa 2: The Thin Ice. "Mamãe ama você. E papai ama você". Um acalanto para um órfão, que perceberá que passará a vida esquiando no gelo fino.
Faixa 3: Another Brick In The Wall (parte 1). Aqui a história começa a tomar corpo. É revelado que seu pai foi para a guerra e não retornou de lá. Este é o primeiro tijolo no muro que levará o jovem Pink a isolar-se do mundo.
Faixa 4: The Happiest Days Of Our Lives. Nesta faixa, Pink relata sobre o bullying sofrido na escola por parte de professores autoritários e que menosprezavam suas produções em sala de aula. Uma prática que ajudou a diminuir a auto estima do jovem Pink (ou seria o jovem Waters?).
Faixa 5: Another Brick In The Wall (parte 2).
Neste momento, ainda falando sobre sua experiência ruim na escola, Pink diz que não precisamos deste tipo de educação e faz um apelo: deixem as crianças em paz. Aqui vemos uma crítica também ao modelo de sociedade que procura empurrar todos dentro de um padrão, e quem não se encaixar, será excluído dessa sociedade.
Faixa 6: Mother. Terminando o Lado A do primeiro disco da obra, Mother fala da relação entre mãe e filho. Sendo Pink órfão de pai, sua mãe se torna super protetora, Pink se torna dependente e aos poucos este excesso de zelo vai minando a capacidade de Pink em enfrentar o mundo. O muro vai se erguendo mais forte, sendo a mãe sua fonte de salvação contra o mundo cruel que está do lado de fora do muro.
Faixa 7: Goodbye Blue Sky. Ainda remetendo aos traumas causados pela guerra. Os bombardeios, o medo das bombas caindo. Atualmente, Waters usa esse momento para falar de outras guerras, passadas e presentes da nossa história.
Faixa 8: Empty Spaces. "O que devemos usar para preencher espaços vazios? Onde costumávamos falar? Como devo preencher os últimos lugares? Como posso completar o muro?" Reflexões de um homem atormentado pelo passado e presente.
Faixa 9: Young Lust. Neste momento da peça, Pink busca a luxúria como forma de encontrar prazeres na vida. Talvez em busca de uma mulher que seja o oposto de sua mãe. Os conflitos amorosos começam a ser abordados aqui. Para fechar de vez o muro imaginário da mente do personagem e o muro real do concerto, os relacionamentos entre Pink, sua mãe, seus professores e suas mulheres são apresentados como peças chave de uma receita que o levará a loucura.
Faixa 10: One Of My Turns. Intitulado de "Uma das minhas crises", este capitulo fala de um casamento se deteriorando, das crises de violência do marido e, consequentemente, do fim do relacionamento.
Faixa 11: Don't Leave Me Now. Pink apela para que sua esposa não o deixe.
Faixa 12: Another Brick In The Wall (parte 3). "Eu não preciso de braços ao meu redor. E eu não preciso de nenhuma droga para me acalmar. Eu vi a escrita na parede. Não acho que eu preciso nada. Não! Não acho que vou precisar de nada. No final, tudo era apenas tijolos no muro. No final, vocês eram apenas tijolos no muro". Pink se revolta com sua sorte e decide pelo fim de sua relação com a sociedade.
Faixa 13: Goodbye Cruel World. O último tijolo do muro é colocado. Pink se isola de vez da realidade da vida, das dores e decepções. É a sua loucura instalada.