quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Rumours: 40 anos


O icônico álbum Rumours, do Fleetwood Mac chega à meia idade com a força de um dos mais bombásticos e confessionais trabalhos no ramo da música Pop em todos os tempos.

No ano de 1977, o Fleetwood já era um grupo calejado, tendo passado por diversas formações e estilos musicais. Estava naquela que seria sua principal formação. Lindsey Buckingham na guitarra e vocais, Stevie Nicks nos vocais, Christine McVie nos teclados e vocais, John McVie no baixo e Mick Fleetwood na bateria (os dois últimos remanescentes da formação original). O álbum anterior, o primeiro com esta formação, intitulado Fletwood Mac e lançado em 1976 alcançou grande sucesso, o que aumentava a pressão por um novo sucesso.

Fleetwood Mac - Fleetwood Mac (1976)

Porém o grupo passava por uma série de traumas e problemas pessoais. O casal Christine e John McVie se encontravam em um doloroso processo de separação no qual sequer se falavam socialmente, reportando-se um ao outro apenas sobre assunto da banda. O outro casal do grupo, os eternos namorados Lindsey Buckingham e Stevie Nicks também estavam em processo de desencontros e idas e vindas. Já o baterista Mick Fleetwood descobriu que estava sendo traído por sua esposa. Este ambiente complexo na vida amorosa do quinteto se refletiu nas composições, muitas das quais falam em separações.

Da esquerda para a direita - John McVie, Christine McVie, Mick Fleetwood
Stevie Nicks e Lindsey Buckingham


Ao mesmo tempo em que lidavam com os problemas pessoais, o quinteto teve ainda que lidar com as fofocas da imprensa, que a cada passo de um deles, surgiam enxurradas de notícias falsas. Rumores de traições surgiam a cada instante. Mesmo a filha de Fleetwood não escapou das fofocas, sendo noticiado que ela era na realidade fruto da relação de Buckingham e Nicks.

Christine McVie e Stevie Nicks ladeadas por John McVie
Mick Fleetwood e Lindsey Buckingham


Mesmo passando por "enormes esforços emocionais", como relataria mais tarde Fleetwood, o grupo conseguiu se reunir em estúdio para produzir aquele que seria dado como a obra prima do grupo. Dentre seus destaques estão os singles "Dreams", "Don't Stop", "Go Your Way" e "You Make Loving Fun". Muitas delas foram regravadas por outras bandas. O seriado americano Glee teve em sua 2ª temporada um episódio dedicado ao álbum.

Cena do seriado Glee - Rumours


As gravações não foram fáceis e regadas à excessos de cocaína e noites em claro. Mas o resultado foi um álbum que atingiu a marca de 40 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo, 19 discos de platina e o prêmio Grammy de álbum do ano. O grupo segue fazendo turnês até os dias atuais, intercalando com períodos de trabalhos solo. Stevie Nicks é detentora da mais sólida carreira solo do grupo. Christine McVie esteve afastada do quinteto até o ano de 2014.

Da esquerda para a direita - Mick Fleetwood, Stevie Nicks, Lindsey Buckingham
John McVie e Christine McVie
Setlist:

1. "Second Hand News"   Lindsey Buckingham 2:53
2. "Dreams"   Stevie Nicks 4:14
3. "Never Going Back Again"   Lindsey Buckingham 2:15
4. "Don't Stop"   Christine McVie 3:12
5. "Go Your Own Way"   Lindsey Buckingham 3:38
6. "Songbird"   Christine McVie 3:21
7. "The Chain"   Buckingham, Mick Fleetwood, C. McVie, John McVie, S. Nicks 4:31
8. "You Make Loving Fun"   Christine McVie 3:31
9. "I Don't Want to Know"   Stevie Nicks 3:15
10. "Oh Daddy"   Christine McVie 3:58
11. "Gold Dust Woman"  Stevie Nicks



Referências:

https://noisey.vice.com/pt_br/article/fleetwood-mac-rumours-aniversario?utm_source=noiseyfacebr

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rumours#Legado

https://en.wikipedia.org/wiki/Rumours_(Glee)

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http://entertainista.com/wp-content/uploads/2011/04/GLEE-Rumors-Boys.jpg

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Um Passo Á Frente E Você Não Está No Mesmo Lugar: Chico Science


Francisco de Assis França Caldas Brandão é o nome deste Olindense, nascido em 13 de março de 1966. Em sua breve passagem por este planeta, não poderia passar despercebido. Com seu chapéu "coquinho de palha" e seus grandes óculos escuros no estilo "besouro", foi o porta-voz de um movimento que começou com a cena local de Pernambuco e explodiu pelo Brasil afora.


Chico fazia parte de grupos de dança e hip hop. Iniciou a carreira musical com as bandas Orla Orbe e Loustal, ainda com influências da música norte americana, soul, funk e hip hop. Ao ter contato com o bloco afro Lamento Negro, de Peixinhos, surgiu a Nação Zumbi, no ano de 1991, que misturava os ritmos de ciranda, maracatú, frevo, embolada e outros ritmos regionais aos arranjos de funk, hip hop e rock.


Juntamente com Fred 04 e a Mundo Livre S/A, surge o movimento Maguebeat. PENNA apud ANJOS (2015, p 109), destaca que o movimento surge como "uma forma de reação/integração à globalização. Fred 04 lança o manifesto do Manguebeat, intitulado "Caranguejos com Cérebro" (1992), cujo símbolo é uma antena parabólica enfiada na lama.


A carreira de Chico Science foi, no entanto, meteórica. Interrompida em uma avenida de Olinda, a vida de Chico teve fim aos 30 anos de idade e dois discos lançados com a Nação Zumbi. Da Lama ao Caos, lançado em 1994, traz entre suas principais faixas as músicas "A Cidade", "Rios, Pontes e Overdrives" e o clássico "A Praieira", com seu famoso refrão "uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor".


Também destacamos o conteúdo social inserido numa época marcada pela acensão do Plano Real, que estabilizou a economia, mas gerou grandes problemas nos campos de saneamento básico
"O Plano Real tirou 8 milhões de brasileiros da linha de pobreza. Entretanto, o alto índice de desemprego, os pífios investimentos em áreas sociais, o déficit histórico de investimentos em infraestrutura e moradia deixavam milhões de brasileiros sem esgoto tratado e água encanada. Em 'A Cidade', de Chico Science e Nção Zumbi, para ser feliz era preciso sair da 'lama e enfrentar os urubus." (DINIZ, CUNHA, 2014, p. 159)
O segundo álbum da banda se chama "Afrociberdelia, lançado em 1996, marcado por ritmos misturados à música eletrônica e pop. Dentre suas principais faixas estão "Maracatú Atômico", regravação de Jorge Mautner e Nélson Jacobina, "Macô" e "Manguetown". Em Manguetown, Chico mais uma vez questiona a vida nas grandes cidades sem saneamento básico.
"Estou enfiado na lama 

É um bairro sujo 
Onde os urubus têm casas 
E eu não tenho asas 
Mas estou aqui em minha casa 
Onde os urubus têm asas 
Vou pintando segurando as paredes do mangue do meu quintal"
(Manguetown - Chico Science. Lúcio Maia, Dengue)


Podemos dizer que o Manguebeat é uma influência dos movimentos Tropicalistas dos anos 60, no qual a música nacional, em especial a música regional e os ritmos folclóricos, são misturados às guitarras e a influência da música norte americana. Chico chegou a admitir esta influência, tendo iniciado inclusive uma breve parceria com Gilberto Gil, um dos pilares do Tropicalismo (CALADO, 2010, p. 300)


Fato é que, mesmo 20 anos após sua morte, a música de Chico Science ainda é aclamada no Brasil afora, e até fora, na Europa, onde Chico chegou a fazer algumas apresentações. A Nação Zumbi segue fazendo música, agora com Jorge Du Peixe nos vocais, bem como o movimento Mangue ainda possui atividade com a Mundo Livre S/A, Mestre Ambrósio, dentre outros.


Certa vez, Chico Science disse "um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar". E o passo à frente de Chico o colocou no lugar de ícone e lenda da música brasileira.

Referências:

CALADO, Carlos. Tropicália: a história de uma revolução musical. São Paulo, Ed. 34. 2ª edição, 2010.

DINIZ, André.A República Cantada: do choro ao funk, a história do Brasil através da música. Rio de Janeiro, ed. Zahar, 2014.

PENNA, Maura. Música(s) e Seu Ensino. Porto Alegre, ed. Sulina, 2ª edição, 2015.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Science

https://pt.wikipedia.org/wiki/Da_Lama_ao_Caos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Afrociberdelia

https://www.letras.mus.br/nacao-zumbi/117925/

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